
Numa planície aveludada, o sol deitou-se para descansar
O dia havia nascido tenro, tranqüilo, e uma brisa suave soprava melodias
As árvores dançavam alegremente, mas se alardes
Os pássaros gorjeavam com ternura
Até as pedras pareciam sorrir pra mim
Mas uma guerra estava pré-determinada
O coração sentia a companhia dela
Ela estava em seu país, mas ele sabia que estava lá em seus pensamentos
O engano prometia festas
E eu pensava que aquilo ia ser bom
Mas o inimigo estava à espreita
Quando o sol já levantava, pra cobrir outros lugares
E os pássaros o seguiram
E as árvores choraram
E as pedras se esfriaram
Tudo veio à tona então
Numa miríade e explosão de emoções
Na outra, uma represa de expressões
De um lado, o fogo
Do outro, a brasa
De um lado a incontinência
Do outro a experiência
De um lado o homem
Do outro a mulher
De um lado um preso
Do outro a presa
De um lado a faca
Do outro o queijo
Mas o inimigo estava ali, presente no meio do vale
Entre eles a distância
Entre eles a vigilância
Entre eles compromissos
Entre eles duas muralhas estáticas
Até os soldados com as tochas
Enviados para identificar o alvo
Não puderam o encontrar
O general quase enfartou
E acampamento esfumaçava
E a miríade da águia até tentou – se esforçou, se superou
Mas o outro lado não chegou à conclusão
E o que restou?
A confusão
Restou a dúvida
As incertezas e ânsias de jovem
A água caiu sobre o destacamento
E houve até quem morreu de frio
As baixas foram inestimáveis
Vidas
Sonhos
Desejos ocultos
Desejos claros
Desejos de todas as formas:
Presos,
Torturados,
Mutilados,
Fuzilados
Foi um grande concupiscídio
Mas a vida continua
E o sol virá de novo
E uma derrota ainda não é o nosso fim
Pois existem corações
E eles pulsam
E sentem tudo, mas não se sentem derrotados
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