domingo, 25 de julho de 2010

Concupiscídio



Numa planície aveludada, o sol deitou-se para descansar

O dia havia nascido tenro, tranqüilo, e uma brisa suave soprava melodias

As árvores dançavam alegremente, mas se alardes

Os pássaros gorjeavam com ternura

Até as pedras pareciam sorrir pra mim

Mas uma guerra estava pré-determinada

O coração sentia a companhia dela

Ela estava em seu país, mas ele sabia que estava lá em seus pensamentos

O engano prometia festas

E eu pensava que aquilo ia ser bom

Mas o inimigo estava à espreita

Quando o sol já levantava, pra cobrir outros lugares

E os pássaros o seguiram

E as árvores choraram

E as pedras se esfriaram

Tudo veio à tona então

Numa miríade e explosão de emoções

Na outra, uma represa de expressões

De um lado, o fogo

Do outro, a brasa

De um lado a incontinência

Do outro a experiência

De um lado o homem

Do outro a mulher

De um lado um preso

Do outro a presa

De um lado a faca

Do outro o queijo

Mas o inimigo estava ali, presente no meio do vale

Entre eles a distância

Entre eles a vigilância

Entre eles compromissos

Entre eles duas muralhas estáticas

Até os soldados com as tochas

Enviados para identificar o alvo

Não puderam o encontrar

O general quase enfartou

E acampamento esfumaçava

E a miríade da águia até tentou – se esforçou, se superou

Mas o outro lado não chegou à conclusão

E o que restou?

A confusão

Restou a dúvida

As incertezas e ânsias de jovem

A água caiu sobre o destacamento

E houve até quem morreu de frio

As baixas foram inestimáveis

Vidas

Sonhos

Desejos ocultos

Desejos claros

Desejos de todas as formas:

Presos,

Torturados,

Mutilados,

Fuzilados

Foi um grande concupiscídio

Mas a vida continua

E o sol virá de novo

E uma derrota ainda não é o nosso fim

Pois existem corações

E eles pulsam

E sentem tudo, mas não se sentem derrotados


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